Um pouco de história é sempre bom, quando se tenta discutir uma área de trabalho no século XXI. Compreender o surgimento e a evolução das atividades, auxilia o profissional a inovar. Ao menos, eu acredito nisso. Quando temos noção do todo, nossa fatia pode ficar muito mais bem pensada. Assim, para saber um pouco da história da Assessoria de Imprensa, vamos aos dados para então, mais tarde, falar sobre a setorização da atividade, as novidades e resultados que podem gerar um trabalho de Assessoria de Imprensa.
Quatro anos antes da proclamação da independência dos Estados Unidos, em 1772, George Washington, preocupado com a divulgação de informações oficiais, contratou o escritor e editor Samuel Adams para desenvolver um trabalho que mesclasse elementos da comunicação. Anos depois, em 1829, Amos Kendall, dava início à Assessoria de Imprensa governamental. Durante o governo de Andrew Jackson, houve então, a estruturação do setor de Imprensa e Relações Públicas. Aí nasceu o The Globe, considerado como o primeiro house-organ, ou seja, o primeiro jornal de empresa.
Já no século XIX, nos Estados Unidos e na Grã-Bretanha, proliferaram algumas publicações organizacionais. Os efeitos sobre a opinião pública foram consolidando-se e, a partir daí, alguns jornalistas começaram a desenvolver atividades que tinham como objetivo divulgar o informações organizacionais. Outras áreas também adotariam a ideia, levando ao público fatos do mundo empresarial.
Mas nas cadeiras acadêmicas e para muitos profissionais de Assessoria de Imprensa, o pai da área é o Relações Públicas Yve Lee e sua ação pioneira com a Criação da Assessoria de Imprensa e Comunicação. Em 1906, Lee fundou, em Nova York, o primeiro escritório de assessoria de Imprensa/Relações Públicas do mundo. Com um bem sucedido projeto profissional e a serviço de um cliente poderoso, Lee conseguiu recuperar a imagem do odiado empresário do petróleo americano John Rockfeller e conquistou, por direito e mérito na história da Comunicação Social, o título de fundador das Relações Públicas, berço da Assessoria de Imprensa.
Foi a partir desse momento que diversas empresas, e também órgãos públicos, começaram a adotar esses serviços no mundo todo. Nas décadas de 1940 e1950, já existiam registros dessa atividade em vários países, entre eles França, Canadá, Itália, Holanda, Bélgica, Alemanha, Suécia, Noruega.
Já aqui no país tropical, a Assessoria de Imprensa tem como registro o ano de 1909, quando o presidente Nilo Peçanha criou a Seção de Publicações e Biblioteca do Ministério da Agricultura, tendo como uma das principais finalidades distribuir informações à imprensa sobre o setor, a partir de notícias e notas. Essa foi à primeira iniciativa com características de Assessoria de Imprensa.
Durante o governo de Getúlio Vargas, a partir do decreto n° 3.371, em pleno Estado Novo, com finalidade de estabelecer serviço de atendimento à imprensa ligado ao Gabinete Civil, surgiu em 1937 o Departamento de Imprensa e Propaganda – DIP. A ideia era divulgar os atos do presidente e as obras realizadas no período. O governo Vargas foi também o responsável pela criação do curso superior de Jornalismo, em plena ditadura.
Após a II Guerra Mundial e a eleição de Juscelino Kubitschek, com investimento das grandes multinacionais, surgiram às práticas de Assessoria de Imprensa, que foram absorvidas, com parcimônia, por empresas nacionais e pela administração pública.
A partir de 1970, entidades, empresas e empresários descobriram que o assessor de imprensa era figura importante e necessária. Desde então, a atividade vem se profissionalizando e ganhando outra dimensão de trabalho. Mas mesmo com a expansão desse mercado nessa década, a atividade ainda sofria o impacto do controle de informação devido à implantação do Ato Institucional número 5, o assolador AI5.
Mesmo assim, em 1971, os jornalistas Reginaldo Finotti e Alaor José Gomes fundaram a agência Unipress, buscando nova proposta de Assessoria de Imprensa. Queriam expandir seu trabalho, fazendo com que as informações chegassem de maneira mais rápida e fácil às redações. A Unipress se tornou modelo jornalístico de Assessoria de Imprensa.
Já o ano de 1979 significou um período de mudança para o segmento, já que a época contabilizou um grande número de demissões nos principais veículos de comunicação devido a greve dos jornalistas. Já nos anos de 1980, as assessorias ganharam espaço maior nas empresas e, assim, aumento na necessidade por esse tipo de serviço. Os jornalistas começaram a se reunir para trocar experiências e opiniões, a legislação se estabeleceu e foi lançado o Manual de Assessoria de Imprensa, trabalho conjunto com comissões formadas por vários sindicatos do país.
Nessa mesma época, o Brasil começou a implantar a ruptura entre a Assessoria de Imprensa e a Relações Públicas, consolidando-se como experiência única de Assessoria de Imprensa jornalística no mundo, já que a maioria dos países não considerava a Assessoria de Imprensa como prática jornalística.
Atualmente, mais de 50% dos profissionais formados em jornalismo atuam em algum tipo de Assessoria de Imprensa, com variações dependendo da região do país. E, mesmo imperando nos dias de hoje profissionais do jornalismo na área, a atividade muitas vezes é desenvolvida por profissionais de Relações Públicas. O importante é a competência do serviço.
Seja jornalista ou relações públicas, a própria história da Assessoria de Imprensa mostra que o objetivo principal do setor é criar um vinculo entre empresa e meios de comunicação. As ferramentas utilizadas para tal tarefa passam pela confecção do release, notas de esclarecimento, conteúdo no site da empresa, contato com a mídia, organização de coletivas de imprensa, desenvolvimento de vídeos, treinamento para fontes empresariais – o media training – envio de boletins internos e, nos dias de hoje conteúdos em blogs e redes sociais. E, com as mudanças que se configuram no mercado de trabalho, os serviços de Assessoria de imprensa nem sempre são feitos “em casa”. Atualmente inúmeras empresas terceirizam o serviço no Brasil inteiro. Em breve, desmembraremos todas as atividades que englobam a área. O momento agora é conhecer a história para poder diferenciar o presente e ser referência no futuro.
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