domingo, 4 de setembro de 2011

Garimpada

Olhar a comunicação por todos os ângulos, essa é a proposta do Pimentta do Reino. Além da comunicação empresarial, discutir a Comunicação de Massa é um dos propósitos pelos quais criei essa ferramenta.

Ao me deparar com a matéria que compartilharei abaixo, resolvi que seria importante levantar essa discussão. Estaria o Novo Jornalismo tornando-se velho? A prática jornalística que foi legitimada por Tom Wolf e que tem como linguagem a inserção de elementos da literatura durante a narrativa da reportagem ou notícia, estaria ficando ultrapassada?

Outra vertente referenciada, mas que leva a crítica de ser muito parcial em sua prática, coisa que o Novo Jornalismo ou  Jornalismo Literário não possui, é o Gonzo Jornalismo. Lançada pelo jornalista Hunter S. Thompson, o Gonzo traz mais riscos para quem o produz, durante a feitura do conteúdo, e carrega mais na palavra ilustrativa. Mas, tudo isso estaria evoluindo a ponto de o Novo Jornalismo tornar-se velho?

A proposta do Jornalismo Border, desenvolvida e praticada pelo jornalista argentino, merece uma reflexão, um estudo maior. Tentei achar mais informações sobre essa nova "teoria", mas ainda está complicado. Porém, acho que vale a pena encarar o desafio e se debruçar na pesquisa!

Confira o conteúdo!

Jornalista argentino vira ator pornô para escrever matéria


O que os brasileiros conhecem como jornalismo "gonzo", na Argentina também é chamado de "periodismo de suplantação". Só que lá, ao invés da influência direta de Hunter Thompson, o gênero pende mais para o estilo do alemão Günter Walraff. Pelo menos é o que faz o repórter argentino Emilio Fernández Cicco: inspirado em Walraff e junto com suas "técnicas pessoais" ele criou seu próprio gênero, batizado de "periodismo border".

Cicco já fez trabalhos para revistas como a versão argentina da Rolling Stone, a colombianaGatopardoSohoPlayboy, Newsweek e Lonely Planet. "Eu sempre acreditei que a melhor situação para um jornalista é aquela em que ele vive a notícia na própria carne. Mas são poucos os que se atrevem a sair da crônica tradicional e colocar sua própria vida em jogo", comenta. Das suas mais recentes polêmicas está a participação em um filme pornográfico para escrever a matéria "Segredos de um ator pornô", publicada revista argentina Notícias


Cicco reconhece o preço que vai pagar pela ousadia: "Fiz esse filme para escrever a matéria, desde então, isso ficou como uma mancha negra na minha vida. Meus inimigos poderão usar sempre o vídeo desse filme para não me levarem a sério. Meus filhos poderão ver, terei que conviver com isso para sempre. Foi um preço alto o que eu tive que pagar, mas acredito que valeu a pena", comenta. A mesma reportagem foi publicada depois pela Gatopardoe em revistas do Chile e Peru. A experiência lhe rendeu um prêmio da indústria pornográfica por ter sido o primeiro jornalista a topar a experiência.
O repórter na boate portenha 'Cocodrilo'

Ele explica que seu estilo de fazer jornalismo - oborder -, que remete à fronteira, se diferencia do gonzo jornalismo. "O jornalismo border é um gênero que está no limite entre o jornalismo e o punk, entre informar e destruir todas as convicções. Eu elaborei um manifesto do border que foi reproduzido em revistas de todo o mundo e hoje é estudado em várias universidades de jornalismo". Cicco acredita que o futuro do jornalismo está em ousar nas linguagens já que as novas gerações de jornalistas, segundo ele, descobrem que até onew journalism já ficou velho.  

Perguntado pelo Portal IMPRENSA sobre se este tipo de jornalismo é tradicional em seu país, o repórter afirma que existem alguns jornalistas que de vez em quando vivem uma experiência na própria carne, porém, são poucos os que aplicam todas as regras do jornalismo border. "Somente viver a experiência não é o suficiente, são necessárias mais ferramentas para chegar ao fundo de uma história". Cicco acredita que o jornalista tradicional é como um dermatologista que só se ocupa das superfícies das coisas. "Só vê a pele das pessoas, já o jornalista border é como um cirurgião que não para até tirar todos os órgãos e descobrir do que são feitos", compara.




Veja algumas respostas de Cicco ao Portal IMPRENSA:

IMPRENSA - Você encontra muito preconceito por praticar o jornalismo border?

Cicco - Muita gente acredita que o jornalismo border é uma arma de destruição massiva que está contra todos. Na verdade, eu acredito que ele é uma arma poderosa para descobrir o que existe por detrás de cada história e personagem. Para começar, o border estipula que toda celebridade é uma fachada, uma mentira. O jornalista deve sacar o martelo e romper para ver o que existe em seu interior. às vezes pode descobrir que o personagem é, em seu interior, muito mais inteligente do que parece, ou muito mais perverso do que as pessoas acreditam.

IMPRENSA - Quais personagens que você mais gostou de fazer?

Cicco Um dos meus favoritos foi trabalhar como coveiro em Chacarita, o maior cemitério da América Latina. Trabalhar tão próximo a morte, o grande tema tabu da humanidade, foi muito bom. Era inverno e nós queimávamos as cruzes de madeira para aquecer. Ainda guardo no sótão minha roupa de coveiro. Durante muito tempo mantive na redação uma cruz com terra do cemitério. Também trabalhei como assistente de um campeão de boxe, Rodrigo La Hiena Barrios. Em uma luta, o publico ficou nervoso com o erro do árbitro e tivemos que sair correndo. Tacavam garrafas, extintores e tudo que viam pela frente; nos escondemos no vestiário até que os ânimos se acalmassem.

Outra vez para fazer uma matéria no diário Critica, consumi "salvia divinorum", uma planta alucinógena fortíssima que os aborígenes utilizavam. Demorei várias horas para lembrar quem eu era. E quem era o cara que dizia ser meu fotógrafo. Quando fiz o filme pornô foi a primeira vez que tomei Viagra.

IMPRENSA - Atualmente, qual personagem você faz ou pensa fazer?

Cicco - Quero trabalhar em um matadouro para matar minha própria vaca. Há alguns anos estou vivendo como um muçulmano, porém, este é um caminho sério, não tem a ver com o meu trabalho. Quero escrever um livro falando porque eu virei muçulmano. 

IMPRENSA - Qual sua missão ao encarnar o personagem?

Cicco - Meu trabalho é fazer o que o leitor não pode fazer. Faço com que histórias sejam acessíveis, com personagens e experiências que as pessoas dificilmente poderiam viver. 


O repórter na boate portenha 'Cocodrilo'




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