sexta-feira, 16 de setembro de 2011

RPs têm estresse?

Vale a pena ler esse artigo da colega Lala Aranha. Ela é Relações Públicas e consultora da Teia de Aranha Comunicação. Nos últimos 20 anos, foi presidente da Ogilvy Relações Públicas, sócia-fundadora da Calia Assumpção Publicidade e Diretora da CDN Comunicação Corporativa. É membro do Conselho de Administração do WWF-Brasil. Escreveu o livro Cartas a um Jovem Relações Públicas, lançado pela Editora Elsevier.


Confira!



RPs têm estresse?





No Jornal O Globo deste primeiro domingo de setembro, em chamada de capa do Caderno Boa Chance, mais esta novidade: Relações Públicas é a segunda profissão mais estressante de 2011. A primeira é ser piloto de avião. A pesquisa, realizada pela empresa norte-americana Career Castapontou as 10+ e 10- estressantes profissões de 2011. Ainda na lista das 10+ encontramos pela ordem: executivo de empresa, fotojornalista, repórter, publicitário, arquiteto, corretor de bolsa, técnico de emergências médicas e finalmente corretor de imóveis.
 
Pensei cá comigo: este estresse deve estar associado à consultoria para gestão de crises em organizações e o papel do gerenciamento da comunicação nesses momentos. Sabemos que uma crise mal conduzida, triplica seu impacto junto à sociedade. Acessei o site e fui buscar uma explicação para esse ranking e nosso segundo lugar. Diz a pesquisa: “Os relações públicas são responsáveis por criar e manter a imagem positiva junto ao público de muitas empresas e agências governamentais. São responsáveis por fazer discursos e apresentações frente a grandes plateias. Essa área de alta competitividade e prazos curtos mantém o estresse em níveis muito elevados. Faz parte de sua atuação, ainda, interagir com membros potencialmente hostis da mídia”.
 
O diagnóstico não me convenceu muito. Aqui no Brasil, normalmente, não atuamos como porta-vozes. Falar em público é uma “barra pesada” para qualquer profissional. Na maioria das vezes não encaramos a imprensa como hostil. Ao contrário. Há muito respeito nesta relação. E para manter uma imagem positiva, se tornam indispensáveis a cumplicidade e o compromisso da alta cúpula até o “chão de fábrica” de uma organização. É importante que todos os envolvidos e tomadores de decisão acreditem e estejam conscientes de que poderão colocar seus ativos em risco se a imagem não for protegida.
 
"Mea maxima culpa". Analisando como eu defino o objetivo de nossa profissão - construir e harmonizar o relacionamento entre organizações e a sociedade, guiados pelos princípios do código de ética da profissão e por meio de práticas multidisciplinares do marketing e da comunicação social - creio sim que o nível de estresse é grande, pois somos soberbos quando vemos nossa profissão com tal abrangência e alcance. Somos arrogantes quando abrimos um leque sem fim de atividades que nos tornam onipresentes em todas as áreas. Quem abraçou esse desafio não pode se queixar desta adrenalina que corre nas nossas veias e aumenta nosso estresse. Por outro lado, esta atitude gera certa insegurança no mercado e na sociedade que deixam de saber o porquê, como e quando nos devem chamar. José Rolim Valença quando presidente da AAB Assessoria Administrativa, uma das primeiras e grandes agências de RP, depois adquirida pela Ogilvy, me ensinou que a melhor maneira de apresentar as Relações Públicas era definir o problema e sua solução, do tipo, o que um RP pode fazer por sua organização neste caso. 
 
Quer saber quais são as 10-? Audiologista, nutricionista, engenheiro de software, programador, assistente de dentista, fonoaudiólogo, filósofo, matemático, terapeuta ocupacional e quiroprático.
 
Mas fica a dúvida quanto ao grau de estresse da profissão. Não sei se é para afastar futuros profissionais da área ou se é, novamente, uma avaliação desmedida da profissão.



Fonte: ABERJE 
 

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