terça-feira, 29 de maio de 2012

Palavra de especialista - O futuro da propaganda


O Facebook é uma empresa de comunicação que fatura com publicidade; 85% de sua receita vem de anúncios.









Nizan Guanaes
Publicitário e presidente do Grupo ABC









Muita gente me pergunta qual o futuro da propaganda, e essa resposta eu não tenho, acho que ninguém tem. Prever o futuro hoje é como prever o futuro em Manhattan na noite de 10 de setembro de 2001. Impossível saber o que está vindo pela frente.

A pergunta mais fácil de responder é justamente aquela feita pelos mais céticos: há futuro para a propaganda?

A resposta é clara porque vem quente desse admirável mundo novo. Ela vem do IPO de US$ 100 bilhões do Facebook e vem também do aumento espetacular das ações do Google desde a sua abertura de capital. São empresas que faturam basicamente com propaganda, e se o mercado tem tanta fé nelas, o mercado tem muita fé na propaganda.

Em poucos anos e de forma fulminante, Facebook e Google tornaram-se empresas com valor de mercado maior do que General Motors, McDonald’s, Citigroup. E a receita do seu sucesso, a base de suas receitas, é justamente a propaganda: 85% dos US$ 3,7 bilhões de receita do Facebook no ano passado vieram dos anúncios na rede social de Mark Zuckerberg.

Ou seja, o Facebook é uma empresa de comunicação que fatura com publicidade. Ninguém tem dúvida de que será outra publicidade essa que habitará novas e velhas redes. Mais aberta, mais conectada com o consumidor. Estamos deixando o máximo denominador comum rumo ao mínimo denominador comum. O monólogo está virando diálogo, a propaganda está virando conteúdo e o conteúdo está virando propaganda. O conteúdo, afinal, é a propaganda da propaganda.

A propaganda sempre foi informação. Já a boa propaganda é informação com alma. E informação com alma é boa propaganda na TV, no cinema, no celular, nos iProdutos, no jornal, no painel do metrô. Hoje, ontem, amanhã.

Quem tem medo do futuro vive no passado. Quem tem medo de competição está fora da competição.

Os publicitários-empreendedores PJ Pereira e Andrew O’Dell vieram de San Francisco na semana passada falar da sua visão do futuro e do presente. Compartilho aqui seus nove mandamentos, ou melhor, fundamentos para enfrentar o mundo ao mesmo tempo pós-tudo e pré-tudo:

1. O digital não é um pedaço, é o todo, o grande “hub”.

2. Recuse rótulos: não deixe colocarem você numa caixa.

3. E se a propaganda tivesse sido inventada hoje? Não dá mais para fazer propaganda com “check list”. É preciso inovar.

4. Tudo são relações públicas: acabou o monólogo, não basta vender, é preciso se relacionar. Com todo mundo.

5. Global é uma perspectiva, não uma condição geográfica.

6. Assuma a dianteira. É preciso pensar como publicitário, comportar-se como “entretainer” e mover-se como empresa de tecnologia.

7. Não fuja dos problemas. Nada mais fica embaixo do tapete ou dentro de uma gaveta.

8. Os curiosos são melhores do que os gloriosos: trabalhar pelo prazer, não pela glória.

9. Construa sua marca sem perder dinheiro.

São nove inspirações para o seu dia, leitor. Esteja você numa agência de propaganda ou em outra estrutura produtiva. Com tanta informação, é preciso inspiração. Para que o excesso de informação não cause inação.

O importante é fazer, porque, se der certo, maravilha. Se der errado, conserte rápido. É melhor aproximadamente agora do que exatamente nunca. Grandes empresas muitas vezes ficam tão preocupadas em não errar que levam tempo demais para tomar decisões. Quando pode ser melhor fazer logo o seu melhor, errar rápido, consertar rápido e seguir em frente, no caminho certo apontado pelo erro.

A cultura de massa nutrida no século XX substituiu a cultura mitológica e religiosa que dominou corações e mentes por séculos. Essa cultura da massa agora está sendo substituída, de forma muito mais rápida, por um multiculturalismo de miniculturas, de pequenas redes: a civilização do nicho.

Você pode sentir desconforto com tantas mudanças. Mas a comunicação ficou mais fácil, não ficou mais difícil. Aproveite.


Fonte: FOLHAPRESS/JC

Revista 3 surge para destacar o polo produtivo de Três Coroas


Publicação estreia no mercado nesta segunda-feira


Será lançada, nesta segunda-feira, 28, durante o Salão Internacional do Couro e do Calçado (SICC) em Gramado, a primeira edição da Revista 3, produzida pela About Editora para o Sindicato da Indústria de Calçados de Três Coroas.A publicação enfatiza as atividades do polo de Três Coroas que servem como exemplo de sustentabilidade e comprometimento comunitário. Reconhecida no mercado calçadista, a indústria do município está baseada em três pilares: moda, conceito e sustentabilidade. Será este trinômio que irá nortear o conteúdo da revista.


A primeira edição apresenta as tendências para a próxima temporada Primavera-Verão, em um projeto gráfico moderno e sofisticado. A criação e concepção editorial, assim como das informações de moda, são assinadas pela equipe da About, que já publica as revistas About Shoes e About Shoes Forecast – especializadas no segmento de moda e calçados. A Revista 3 será distribuída para lojistas de todo o Brasil e sua periodicidade será semestral.


Fonte: coletiva.net

Censura e jornalismo digital estão na agenda da Semana da Imprensa


Evento será promovido pela ARI entre os dias 31 de maio e 6 de junho

A Associação Rio-grandense de Imprensa divulgou neste sábado, 26, a agenda para a Semana da Imprensa, que será realizada a partir desta quinta-feira, 31, até a quarta-feira, 6 de junho. Integram a programação o lançamento do documentário Vida e Obra de Hipólito da Costa, que reúne depoimentos e imagens de Colônia do Sacramento - local de nascimento do jornalista patrono da imprensa -, e painéis sobre jornalismo digital, investigativo e imprensa e censura.


Entre os participantes estarão os jornalistas Diego Casagrande, Fernando Albrecht, Júlio Ribeiro, José Antonio Vieira da Cunha, José Luiz Prévidi e Políbio Braga.

Programação:

SEMANA HIPÓLITO JOSÉ DA COSTA

31 de maio, quinta-feira, 14h
Grande Expediente na Assembleia Legislativa do Estado

1° de junho, sexta-feira, 16h
Lançamento do Documentário Vida e Obra de Hipólito da Costa
Visitação ao Museu da Comunicação Hipólito José da Costa
(Rua dos Andradas, 959)

2 de junho, sábado, 10h
Painel: Jornalismo Digital - O mundo dos sites e blogs, programação conjunta com o Clube de Opinião

12h – Programa de Rádio “Conversa de Jornalista”/ Bar Social
Local: ARI – Salão Nobre Hipólito José da Costa - Av. Borges de Medeiros, 915 – 8° andar

4 de junho, segunda-feira, 9h
Painel: Quando a Imprensa é o alvo
“Tambor da Aldeia”
“Eu estive lá: relato de cobertura”
“O jornalismo investigativo”
Local: Auditório da Famecos – PUCRS (Av. Ipiranga, 6681 – Prédio 07)

5 de junho, terça-feira, 17h
Reunião do Conselho Deliberativo da ARI
Local: ARI (Av. Borges de Medeiros, 915 – 7° andar)

6 de junho, quarta-feira, 9h
Painel: A informação em xeque
Temas: Imprensa x Censura
Outdoor: o lado da mídia
Comunicação para dentro
Local: Salão Nobre Hipólito José da Costa - Av. Borges de Medeiros, 915 – 8° andar


Fonte: coletiva.net 

segunda-feira, 14 de maio de 2012

A aproximação cautelosa dos jornais




As empresas tradicionais de comunicação estão fazendo algum esforço para usar os recursos das mídias digitais como ferramenta de relacionamento, conquista e fidelização dos leitores mais jovens. O portal G1, que reúne as mídias do grupo Globo, por exemplo, oferece um aplicativo que permite ao usuário observar o que seus amigos estão lendo no próprio portal ou acompanhar as notícias mais lidas pelas pessoas com as quais se relaciona na rede social virtual.

O aplicativo, disponível no portal desde a segunda semana de março, pode ser instalado e desinstalado com relativa facilidade e o usuário pode também configurá-lo para fazer um histórico de suas próprias leituras. Trata-se de recurso bastante útil para quem precisa acompanhar a evolução de temas específicos, por exemplo.

A Folha de S. Paulo usa intensivamente o Twitter, tem sua página no Facebook e estimula a iniciativa dos leitores através das seções "Meu olhar" e "Vi na web", meio escondidas no "Painel do leitor", mas não se percebe o aproveitamento dessas histórias nas reportagens diárias do jornal.

Embora seja um dos pioneiros da internet no Brasil, o jornal paulista não demonstra possuir uma estratégia inovadora para o relacionamento nas redes sociais digitais.

O Estado de S. Paulo renovou seu projeto para as mídias digitais no fim de 2011, integrando o jornal e suas emissoras de rádio com o serviço de webTV e, assim como a Folha, estimula a interatividade dos leitores com pontos específicos de seu conteúdo, como, por exemplo, os blogueiros. Para investidores e o mercado corporativo, a empresa segue oferecendo os serviços especializados da Agência Estado.


Signo da internet

Em todas essas iniciativas, percebe-se claramente uma aproximação cautelosa da imprensa tradicional com o ambiente das redes sociais.

Tal cuidado se justifica, uma vez que, trabalhando com temas que podem gerar controvérsias, os jornais correm o risco de ver depreciado seu principal valor, que é o de filtrar as informações e determinar o que é notícia.

Se todos podem, teoricamente, interferir no conteúdo noticioso ou opinativo  disponibilizado no ambiente cibernético, o que impediria a ação de centenas ou milhares de especialistas de desconstruir o discurso jornalístico tradicional?

No entanto, talvez o principal risco seja exatamente o de resistir à principal mudança representada pelas novas tecnologias - a quebra do paradigma de filtros centralizados de informações.

Sabe-se há muito que o uso de tecnologias altera o modo como o ser humano raciocina. Experimentos recentes de psicólogos com o uso de neuroimagens revelam diferenças na configuração e no funcionamento dos cérebros entre pessoas alfabetizadas e iletrados ou analfabetos. Nas pessoas que aprenderam a ler somente na idade adulta, o lobo occipital processa informações mais lentamente do que nas pessoas que foram alfabetizadas no período adequado da infância.

Ainda não são conhecidos estudos científicos definitivos sobre essas mudanças nos indivíduos que nasceram sob o signo da internet (que estão entrando agora na idade adulta) versus os que cresceram lendo jornais ou assistindo passivamente a televisão, mas suspeita-se que as transformações serão ainda mais radicais.


Narrativa arcaica

Portanto, o desafio das empresas tradicionais de comunicação não é apenas uma questão de aprender a usar as novas tecnologias que criam sociedades virtuais. Elas precisam redefinir alguns conceitos como o dos campos sociais e dos vínculos sociais, abandonando os paradigmas da sociedade de massas e da indústria cultural, e procurar entender como esse indivíduo imerso num ambiente onde tudo é informação passará a reconhecer o valor da informação jornalística.

Talvez seja o caso de se imaginar se a expressão "informação jornalística" ainda terá validade num ambiente em que a disponibilidade de informações passa a se vincular diretamente ao processo de aquisição de saberes.

Outra questão é a do discurso jornalístico propriamente dito.
Baseado na estrutura em pirâmide, com um lead, ou cabeça de texto, é bastante provável que o texto jornalístico esteja precisando ser renovado e que os jornalistas necessitem aprender ou criar novas formas de contar suas histórias.

A mudança de características da leitura, com o usuário das novas tecnologias habituado a reconhecer o conteúdo de múltiplos estímulos ao mesmo tempo, pode estar indicando que a narrativa da imprensa tradicional vai progressivamente se caracterizando como uma narrativa arcaica.

Se a cultura resulta de processos de comunicação em contextos complexos, é bem possível que a imprensa tradicional esteja se transformando em uma instituição contracultural.



Esse texto foi originalmente publicado no Observatório da Imprensa.


Luciano Martins Costa é jornalista e escritor. Foi repórter da 'Folha de S. Paulo', da revista 'Veja'; editor-executivo e colunista político de 'O Estado de S. Paulo', além de consultor de estratégia de comunicação para reposicionamento de empresas e gestão de crise. É autor do livro 'O Mal Estar na Globalização' (Ed. A Girafa).