O Facebook é uma
empresa de comunicação que fatura com publicidade; 85% de sua receita vem de
anúncios.
Publicitário e presidente
do Grupo ABC
Muita
gente me pergunta qual o futuro da propaganda, e essa resposta eu não tenho,
acho que ninguém tem. Prever o futuro hoje é como prever o futuro em Manhattan
na noite de 10 de setembro de 2001. Impossível saber o que está vindo pela
frente.
A
pergunta mais fácil de responder é justamente aquela feita pelos mais céticos:
há futuro para a propaganda?
A
resposta é clara porque vem quente desse admirável mundo novo. Ela vem do IPO
de US$ 100 bilhões do Facebook e vem também do aumento espetacular das ações do
Google desde a sua abertura de capital. São empresas que faturam basicamente
com propaganda, e se o mercado tem tanta fé nelas, o mercado tem muita fé na
propaganda.
Em
poucos anos e de forma fulminante, Facebook e Google tornaram-se empresas com
valor de mercado maior do que General Motors, McDonald’s, Citigroup. E a receita
do seu sucesso, a base de suas receitas, é justamente a propaganda: 85% dos US$
3,7 bilhões de receita do Facebook no ano passado vieram dos anúncios na rede
social de Mark Zuckerberg.
Ou
seja, o Facebook é uma empresa de comunicação que fatura com publicidade.
Ninguém tem dúvida de que será outra publicidade essa que habitará novas e
velhas redes. Mais aberta, mais conectada com o consumidor. Estamos deixando o
máximo denominador comum rumo ao mínimo denominador comum. O monólogo está
virando diálogo, a propaganda está virando conteúdo e o conteúdo está virando
propaganda. O conteúdo, afinal, é a propaganda da propaganda.
A
propaganda sempre foi informação. Já a boa propaganda é informação com alma. E
informação com alma é boa propaganda na TV, no cinema, no celular, nos
iProdutos, no jornal, no painel do metrô. Hoje, ontem, amanhã.
Quem
tem medo do futuro vive no passado. Quem tem medo de competição está fora da
competição.
Os
publicitários-empreendedores PJ Pereira e Andrew O’Dell vieram de San Francisco
na semana passada falar da sua visão do futuro e do presente. Compartilho aqui
seus nove mandamentos, ou melhor, fundamentos para enfrentar o mundo ao mesmo
tempo pós-tudo e pré-tudo:
1.
O digital não é um pedaço, é o todo, o grande “hub”.
2.
Recuse rótulos: não deixe colocarem você numa caixa.
3.
E se a propaganda tivesse sido inventada hoje? Não dá mais para fazer
propaganda com “check list”. É preciso inovar.
4.
Tudo são relações públicas: acabou o monólogo, não basta vender, é preciso se
relacionar. Com todo mundo.
5.
Global é uma perspectiva, não uma condição geográfica.
6.
Assuma a dianteira. É preciso pensar como publicitário, comportar-se como
“entretainer” e mover-se como empresa de tecnologia.
7.
Não fuja dos problemas. Nada mais fica embaixo do tapete ou dentro de uma
gaveta.
8.
Os curiosos são melhores do que os gloriosos: trabalhar pelo prazer, não pela
glória.
9.
Construa sua marca sem perder dinheiro.
São
nove inspirações para o seu dia, leitor. Esteja você numa agência de propaganda
ou em outra estrutura produtiva. Com tanta informação, é preciso inspiração.
Para que o excesso de informação não cause inação.
O
importante é fazer, porque, se der certo, maravilha. Se der errado, conserte
rápido. É melhor aproximadamente agora do que exatamente nunca. Grandes
empresas muitas vezes ficam tão preocupadas em não errar que levam tempo demais
para tomar decisões. Quando pode ser melhor fazer logo o seu melhor, errar
rápido, consertar rápido e seguir em frente, no caminho certo apontado pelo
erro.
A
cultura de massa nutrida no século XX substituiu a cultura mitológica e
religiosa que dominou corações e mentes por séculos. Essa cultura da massa
agora está sendo substituída, de forma muito mais rápida, por um
multiculturalismo de miniculturas, de pequenas redes: a civilização do nicho.
Você
pode sentir desconforto com tantas mudanças. Mas a comunicação ficou mais
fácil, não ficou mais difícil. Aproveite.
Fonte:
FOLHAPRESS/JC
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